A cartunista Laerte participou do Conversa com Bial nesta terça-feira (25), na Globo. Aos 58 anos, a artista assumiu sua identidade mulher, colocou silicone e virou ícone dos transgêneros.
Sobre entender sua condição, Laerte revelou:
— O tempo foi necessário para eu aceitar que tinha desejos por homens. Isso era um problema para mim.
Depois disso, a questão de gênero entrou em jogo. Hoje, Laerte — que mostrou detalhes de sua atual vida no documentário Laerte-se, da Netflix — vive como mulher.
— Quando resolvi viver minha sexualidade, a questão do gênero veio como brinde. O gênero é vivido de muitas formas. Parte dos meus amigos dizia que, desde a infância, sentia-se estranho no ninho — explicou.
A experiência como mulher nas ruas também foi diferente:
— Primeira vez que sai com roupa feminina fui à padaria. Fui com uma sainha jeans, mini, eu era depilado, lá fui eu... Aí quando eu saí da padaria passou uma Kombi e fez fiu-fiu. É um pouco perturbador.
Depois da decisão, a mãe de Laerte teve uma reação de acolhimento com a filha, conforme a cartunista relatou:
— Eu liguei para ela (mãe) e disse: `vai ter uma matéria que me visto de mulher¿. Ela disse `tenho uns vestidos que não uso mais¿. Um amor.
Para Laerte, a transgeneridade ainda é um processo difícil de se passar no Brasil:
— Para algumas pessoas é traumático, as pessoas são expulsas da família, da escola, de tudo, perdem tudo, perdem a dignidade e vão para a marginalidade, prostituição. E tudo isso traz um peso.
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